PROVA JULI FARINA - Mestre em Psicologia Social
Questão 7:
Capital-Arte:
Cuidado! Frágil!
A arte contemporânea é frágil. Mas é tanto mais frágil quanto mais tentamos cuidá-la, acalentá-la, mantê-la. Se já temos dificuldades em saber quem é o autor de uma obra, se aquele que a concebe como conceito, se aquele que a executa, se aquele que lhe dá sentido enquanto espectador... Também não sabemos de quem é a obra, a quem pertence a obra... Se aquele que a produziu ou aquele que a comprou.
Arte contemporânea, diz o verbete. Mas enquanto enquanto contemporânea seu trabalho é nos colocar em relação com o extemporâneo, com aquilo que nos permite fugir, com aquilo que nos coloca num fora do espaço-tempo vivido, em contato com matérias fluidas em busca de formas que, por sua vez, serão sempre fugazes, sempre dependentes do encontro com a diferença que virá desconstruí-las, miná-las...
Não há forma fixa, por isso a fragilidade está justamente na tentativa de fixação. Perderam-se as categorias capazes de fixar a arte a partir de juízos de valor estabelecidos do que é boa ou má arte, bom ou mau artista.
Se a questão contemporânea é capital, entendendo-se capital tanto em seu sentido capitalístico quanto de emergência do contemporâneo como questão, pra que fazemos arte hoje?
Veja-se bem: arte não é cultura! Arte é o que coloca a cultura em cheque, abala as estruturas, produz curto-circuitos, explosões! O que é capital na arte? Arte-capital?!
Fugir do capital é capitalizar a arte? Ou descapitalizar a arte?
Nos tempos do “tudo pode ser vendido” uma arte vendável é capaz de abalar a cultura? Como se paga o artista? Como se coloca preço na arte? Quanto custa uma performance? Um happening? Um quadro? Um artista?
Arte capital
capital arte:
descapitalizada arte,
decapitado artista.
Capitalizado artista,
decapitada arte.
De cada pitada de arte,
picadas de artista:
escape capital,
capital arte!
Questão 1:
Imagem é um conceito complexo. É muito mais do que aquilo que a enquadra como figura visual e estática. Não pensamos apenas por imagens visuais, há imagens sonoras, imagens hápticas e o pensamento é mais potente quando se livra de uma imagem do que seja pensar.
Conceber imagem como idéia essencial, é coisa de Platão: herança muitas vezes maldita, que sobrecodifica a imanência. Na imanência não há formas, só matéria para as formas que recortam o caos. É recortando o caos que conseguimos viver, agindo na matéria, transformando a matéria, dando às imagens, efeitos de outras imagens. A imagem não é fixa, é infinita em sua potência de produzir outras imagens. É de imagem que se faz a memória, como arsenal, ferramenta contagiosa das percepções atuais. “A memória é uma ilha de edição”, dizia Wally Salomão: cada imagem é uma produção editada de uma cadeia infinita, que carrega em si, outras cadeias em potencial.
a IMAGEM
precisa de MARGEM
as bordas da GEMA,
o GERME
de onde EMERGE
uma MIRAGEM:
nasce outra IMAGEM.
Questão 51:
O tempo pinta um quadro.
Onde está a paisagem?
No olho do quadro,
ou no quadro da imagem?
O olho é olhado?
Ou é ele quem olha?
Não é do tempo,
que é feita a paisagem?
A paisagem não existe
sem teu olhar.
O espaço é o tempo a te encantar.
O quadro do tempo não posso olhar.
Não tenho mais tempo
de te encontrar.2
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