sábado, 29 de agosto de 2009

uma prova, um versinho e histórias do homem do circo

Diego Esteves

2-4-5

2- Texto para Folder: O palhaço Xuxu

Luiz Carlos Vasconcelos é conhecido do grande público por suas aparições no cinema. Entre os filmes de grande bilheteria está Carandiru, onde interpretou o médico Drauzio Varella. Porém, poucos sabem da importância deste ator para o circo, mais precisamente para o universo do palhaço.

Existem duas grandes vertentes para a criação de um palhaço. A primeira é ser de família circense, ou ter contato direto com o circo: aprender com os mestres a arte de ser palhaço. A segunda, que surge com os estudos contemporâneos do clown no teatro, é realizar cursos onde, através de múltiplos exercícios e uma direção externa, irá explorar o seu ridículo para encontrar o seu palhaço.

Vasconcelos não seguiu nenhuma destas vertentes. No final da década de 70, em João Pessoa, pensando em aproximar a recém criada Escola Piolin de Teatro da comunidade, ele sai as ruas vestido de palhaço. Assim, sem cartas na manga, ele cria seu palhaço na rua: no combate, no encontro entre as forças e se apossando delas é que surge o palhaço Xuxu.

4- Performance: uma arte assistemática. Processo puro. Efêmera. Em geral, pretende perturbar a ordem regular dos cotidianos.

5-

Olhando adiante

Vejo o que não tem fim

Sinto o indizível

Que o tempo não ensinou a mim

Mas este tem vai passar

E levo meu olhar comigo

Pois com ele encontro as paisagens

Num lugar desconhecido

Este lugar é como um quadro

Onde a imagem está nua

Não digo nada

Tudo está lá

Coisas, coisas, coisas



Oi Paola,

Mando a prova que tanto adiei mandar

A prova que tão árdua tarefa foi executar

Acontece que de tanto viajar,

em junho pouco pude estudar

E agora mando este versinho para disfarçar.

=p

Então, minha auto-crítica me pune até hoje por essa prova. Como passei o mês de junho em festivais de circo, no Ceará e em Minas, mesmo levando vários dos textos, acabei por ler apenas um (e pela metade). E como até então eu tinha lido todos os textos, fiquei me cobrando. E na hora da prova, mesmo tendo os conceitos comigo, eles ainda estavam muito presos a minha inconsistência teórica para serem expostos no papel cruel, naquele momento. E pra ajudar, como retornei de viagem em plena mudança de apartamento, acabei por pegar somente alguns textos, achando que tinha pego todos. Resultado: fugi o máximo possível dos conceitos e usei referências trazidas da viagem, como a oficina que fiz com Luiz Carlos Vasconcelos, que foi muito interessante, principalmente pensando-a a partir da filosofia da diferença.

Bom, após toda essa volta pra enviar a prova, trago uma notícia boa: embora as viagens tenham me dificultado nas leituras, me proporcionaram encontros que resultaram, entre outras coisas, num projeto que escrevi e enviei para a Funarte, concorrendo ao Prêmio Carequinha de estímulo ao circo. O resultado saiu está semana e meu projeto foi contemplado.

Enfim, espero nesse semestre não morrer na praia, me dedicando de forma contínua: entre os textos, as pesquisas cênicas do projeto e as oficinas junto ao núcleo de circo no centro Meme. Pois o seminário tem contribuído muito para pensar estes fazeres artísticos circenses e dançantes.

Abraços,

Diego

mais uma prova Frágil (forte, resistente)

Dagoberto de Oliveira Machado - mestrando

1.

Pensar a imagem como um conceito, é pensá-la por sua porosidade. Como nos aponta Deleuze acerca da porosidade dos conceitos. Qual a emergência do conceito de imagem? O que cabe neste conceito? Para que Serve tal conceito? Qual sua porosidade? Ainda, com Deleuze, podemos pensar em levar o conceito ao seu limite, empurrá-lo ao limite da linguagem, ao seu extremo.

Para talvez compreendemos o que é imagem, como nos questiona Barthes, tenhamos que em absoluto abandonar boa parte de nossa visão de mundo, construída historicamente e calcada em uma filosofia da representação. Caso contrário corremos o risco de criarmos um conceito que opera apenas palavras e não mundos. Pois conceitos operam, movimentam mundos.

Portanto, abandonar a idéia de simulacro e pensamento ideal, as dicotomias entre “mente” e “corpo”, “dentro” e “fora”, “física” e “metafísica”. Desdobrar o conceito de imagem a partir de um plano de composição, que é imanente e não transcendente.

Seguindo o que fala Barthes a “imagem é um modo de comunicação”, é um meio que liga, um veículo, um signo. Ela comunica através dela é que se conhece o mundo material. É por meio deste corte, deste enquadramento, “desta apreensão da matéria que se pode agir sobre ela” (Zordan, 2004).

Mas se a imagem comunica, comunica como? E ainda, comunica o que? “uma imagem oferece o que é posto nela”, conforme Bergson, é uma instância intermediária, o caminho entre a coisa e a representação. Zordan (2004) disserta sobre o conceito de imagem como matérias virtuais que foram atuais ou se atualizaram junto a percepção (p.02). Tal processo se dá de modo inseparável entre o que chama Bergson de “imagem percepção e imagem lembranças, sendo a primeira, dependente da vontade e do esforço do corpo e do hábito de utilizar o objeto”, e a segunda, funciona como “um mecanismo estável de reconhecimento, repetindo e conservando imagens anteriormente armazenadas”.

Tais considerações sobre o conceito de imagem nos reportam para sua emergência no contexto contemporâneo, devido à disseminação incontrolada de imagens vivemos o que chama Barthes de “civilização da imagem”. Essa supremacia da imagem tem ganhado força com o avanço dos meios de comunicação e tecnologias digitais, substituindo a forma de relacionar-se com o mundo, como descreve Flusser ao tratar da importância da informação.

Portanto, o entendimento do conceito de imagem passa “por” e “a” ligar outros conceitos importantes para as discussões da relação do homem no mundo, opera e faz movimentar, como refere Deleuze, um “bloco de sensações” no encontro entre os corpos.

6. Aquilo que se abre ao encontro, no encontro, pelo encontro. Abraço no vazio, fora de esquadro. Tempo outro da escrita, do corpo, do traço, do plano, da cor. Tempo outro da memória, da lembrança, do esquecimento e da dor. Tempo de destruir e recompor, não! Tempo de compor. Vômito, gosto, não gosto, sabor. Sabor e saberes daquilo que não se come, daquilo que não se vê, daquilo que não se lê, do que não se sabe, mas que se tem fome. Aceleração dos afectos, dos perceptos, volta no globo da morte, encontro com sensações estranhas, com um bloco delas, encontro com um bloco de sensações. Encontro com forças do fora que abandona a cor, que troca de cor, que troca de corpo para poder existir. Onde? Não tem onde definido, está no caminho, no que há por vir. Como um animal a espera, só se escuta o seu uivo na noite. Lenta caminhada entre a vida e a morte. Música que espera, que provoca como o vento antes de uma tempestade. Trovão, raios e chuva.

7.

Ao pensarmos na fragilidade da arte contemporânea nos deparamos com a nossa própria fragilidade de composição, quanto sujeitos de uma sociedade. Talvez, um dos primeiros pontos para analisarmos seja o nosso lugar na arte na contemporaneidade. Que lugar ocupamos, ou não? De onde vemos, temos acesso ou dispomos da arte contemporânea e a forma como esta subjetiva a nossa formação, quanto sujeitos de uma sociedade. Qual a nossa forma de inscrição na arte? Qual a nossa relação com a arte?

Parece estar presente, apesar da massificação das obras de arte no contemporâneo, um certo afastamento da relação com a mesma. Talvez esta seja uma questão que acompanha nosso desdobrar sobre a fragilidade da arte na contemporaneidade. O que se apresenta como um paradoxo, já que a produção de arte é massificada, mas a relação das pessoas com esta produção é inversamente proporcional, estando apenas algumas pessoas “aptas” a entender e se relacionar com a arte. E as questões ainda persistem. Qual a relação que mantemos com a arte, seja como observadores, participantes ou artistas? O que é necessário para viver a arte? A qual modo de vida devemos estar inscritos?

Em uma visão do senso comum, em que o pensamento platônico está amplamente difundido, a arte é coisa para poucos, seja como artistas ou participantes. Esta visão disseminada no contexto da formação dos sujeitos passa a dicotomizar a partir de um juízo de valor do que é “belo” ou “feio”, “bom” ou “ruim”, do que tem ou não valor como arte. Este afastamento calcado na idéia de simulacro e pensamento elege os capazes e os incapazes de fazer ou julgar a arte, elitizando a arte e transformando-a como algo de “outro mundo”, distanciando ainda mais do cotidiano das pessoas. Assim, arte não pode ser vida como nos apresenta Nietzsche, arte é “algo que não consigo alcançar”, que alguns conseguem entender e que poucos sabem fazer.

Portanto, outra fragilidade acoplada a esta é a de um distanciamento do entendimento da arte como vida. Ou seja, qual a função da arte? Sem querer responder tal questão, podemos problematizar a partir das discussões dos textos e aulas do seminário frágil, que a arte na perspectiva da filosofia da diferença é intempestiva, tal perspectiva inaugura-se pela rejeição da tirania do juízo, seja ele qual for, substituindo o uso da opinião, marcado pela sua impossibilidade e prevalecendo a noção de multiplicidade. Em outros termos o uso do “e”, marcando a multiplicidade, ao invés do uso do “ou”, característica básica da opinião e do juízo. A presença da multiplicidade acelera e coloca na arena das relações com a arte o combate, primeiro o combate ao juízo, um combate as percepções fechadas, a forma, a opinião, as forças que tentam domesticar o desejo.

Mesmo que esteja atrelada a relação tempo-espaço o que se atualiza na obra de arte, o que ela conserva é um bloco de sensações segundo Deleuze, o estudo então, que sempre é um corte da linha do plano de composição, pode estar relacionado com esta possibilidade da arte como experiência, em que o sujeito vive a arte como experiência. Encontrando-se não com uma forma dada, de valor constituído e de conceitos prontos, mas com a inquietação provocada pelo desconhecido. A arte passa na perspectiva da diferença a ser vida, a partir de um plano de composição que é imanente e não transcendente ela é a experiência como vida. E como toda experiência nos remete algo que já conhecemos, tanto no tempo como no espaço, mas também a algo novo, que nossa cognição desconhece, produzindo um estranhamento.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

prova da Gentileza

Adriana Gonçalves Daccache

Menina de cabelos não tão negros, ex longas tranças, drad fajuto, dona Gentileza desde pequena.

Fragilidade: muitas e divididas com Paola Zordan.

Seqüência: 2-4-5.

Obs: Algumas pequenas modificações foram feitas.



Nota em tempos de gentileza:

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2. O folder


Parangolé – uma cultura de massa


“Chegou a hora da anti-arte. Com as apropriações, descobri a inutilidade da chamada elaboração da obra de arte. Está na capacidade do artista declarar se isto é ou não uma obra, tanto faz que seja uma coisa ou uma pessoa viva.”1


Este foi o depoimento de Hélio Oiticica2 para o catálogo da exposição Opinião 653, no MAM do Rio de Janeiro, em 1965.

Vieram os Parangolés, palavra criada em 1964 por ele mesmo. Estas capas ou estandartes sempre com cores fortes (ou coloridos), alguns com bolsos – que traziam dentro pigmentos coloridos – com frases e ou fotos eram vestidas pelo público em geral e usadas com músicas, com dança, sem receios.

Desde 1964, o Parangolé vem rompendo a distância inibidora entre artista e obra. Tem uma dimensão visual (para quem se limita a “vê-lo” simplesmente) e outra – e mais impactante – tátil corporal (para quem se permite vesti-lo). Ele funde numa forma cênica o contemplar e o tocar, e esse tocar vem associado à cultura de massa, onde tudo o que se quer, se pode.

Desta forma, mais que ver com olhos, é necessário ver com as mãos, com o corpo todo, incluindo os sentidos todos. E já que para Hélio Oiticica o vestir-se e despir-se foi tão importante, abra o armário, escolha seu Parangolé e permita-se parangolezear.


4. As notas de rodapé


Happening4

Ready Made5

Performance6

5. Canções, poemas, escrivinhamentos, complementos, devaneios, desenhos.


Sobre o Tempo7

Pato Fu

Tempo, tempo mano velho
Falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai
Tempo amigo
Seja legal
Conto contigo
Pela madrugada
Só me interrompe no final


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Setar no banquinho e olhar com cuidado a ponte ao fundo.

Contemplar.

O fotógrafo8

Difícil fotografar o silêncio. Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim eu enxerguei a Nuvem de calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski ? seu criador. Fotografei
a Nuvem de calça e o poeta.
Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.


Consulta permanente

MORAIS, Frederico. Arte É o Que Eu e Você Chamamos Arte. Rio de Janeiro: Record, 1998.

MORAIS, Frederico. Panorama das artes plásticas séculos XIX e XX. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1991.

BARROS, Manoel. Ensaio fotográfico. Rio de Janeiro: Record, 2000.

www.heliooiticica.com.br

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma prova refeita

Ana Paula Crizel

4;5;7;0

4) Nota de rodapé:

HUMOR: Na perspectiva da diferença o humor se contrapõe a ironia. O humor é um novo valor é o contraposto do senso, o nonsense. O humor ri, debocha, chora seriamente. Já a ironia diz o que quer negar. O humor é corpóreo porque é no corpo que os fluxos e intensidades se expressam. Ele é a força animadora do corpo, o acontecimento.

5) Letra de canção com: TEMPO – OLHAR – QUADRO – PAISAGEM

Sopra o vento dançando as árvores

Sopra o vento mexendo águas

Sopra o vento despenteando o cabelo dela

Sopra o vento empurrando o tempo

O vento distrai o olhar da moça

Que pendurada na janela

Acompanha o movimento da paisagem

E eu, nem percebo o tempo

Olhando pela janela do quadro pendurado

Sinto o vento que sopra e já

Nem sei se é imagem ou verdade.

7) Frágil como conceito.

Frágil e arte são palavras que andam juntas em tempos contemporâneos e para pensar esta ligação é possível utilizar o adjetivo “frágil” como conceito, a fim de levantar problemas referentes à Arte Contemporânea. Arte Contemporânea, aqui já começa sua fragilidade - a definição – ARTE CON TEMPO RÂNEA, que está no tempo, mas qual tempo, para qual tempo? Para Nietzsche, Deleuze e Barthes a arte não é localizável em um tempo, porque ela é intempestiva, está fora do seu tempo para justamente desestabilizar, forçar outros olhares e possibilidades. Arte é potência e por justamente não ser fixada, aqui nem ali, que ela é FRÁGIL e também FORTE, gerando assim sua inconsistência.

Inconsistência, outro aspecto que fragiliza a Arte Contemporânea, porque ela passa a não conseguir mais ser classificável ao padrão do mercado, por exemplo: é escultura, é fotografia, é pintura. A arte se torna multiplicidade e por não mais se encaixar no sistema causa repulsa, aversão. A arte deixou de estar no quadro e no cubo branco (galeria), perdeu status? Status de quê, para quê? A Arte Contemporânea entra justamente neste território para questionar a própria arte, o artista, a obra, os lugares da arte. Frágeis são seus próprios questionamentos, sua matéria. Matéria que se decompõe, enferruja, apodrece e se perde no tempo. Esta fragilidade da matéria na arte contemporânea está ligada a impermanência tanto da obra, que se deteriora, quanto ao artista que se mistura com a obra ou com o coletivo de artistas. Nunca a arte foi tão frágil como na Arte Contemporânea, fragilidade que libera, desprende, potencializa e permite criações.

0) Como sair da tautologia do juízo sem ir contra ele? Como ir contra sem julgar?

No combate e na transgressão. Diferentemente da guerra contra, onde um perde e outro ganha e há a perda de forças e diferentemente da transgressão no sentido de bater de frente e fazer diferente do estabelecido, aqui se propõe o “combate entre”, onde não se nega e nem se esconde nada, neste combate se buscam forças no outro para potencializar-se, para transgredir. Transgressão que busca se aproximar do juízo para conhecê-lo melhor e com isso poder criar outra coisa, outra diferente do original e da cópia, simulacro.

Prova de Renata Carlos

Questões 3,5 e 7

QUESTÃO 3:

Disciplina: EX + TÉTICA

Súmula: A disciplina apresenta questões sobre a história da arte, da educação e da civilização em aspectos gerais, para que possamos compreender, em uma linha do tempo, a “fragilidade” dos valores culturais estabelecidos para a arte/história/educação, temáticas estas que tem sido recriadas por nós mesmos a cada dia. Com base nos valores culturais estabelecidos, iremos analisa-los cronologicamente, para discutir as questões da ESTÉTICA, não mais como juízo entre o belo/feio , mas sim problematizando o próprio conceito com indagações provocativas: O que é o belo? Por que há sempre padrões estéticos culturais? Qual é o conceito , a origem da palavra estética e como ela pode ter uma certa impermanência.É possível abandonar estes padrões?

“Uma suposição de Santayana é que a beleza é a objetivação do prazer que as coisas despertam em nós quando as percebemos como belas (p.154)

Obs: Poderia desmembrar a súmula em conteúdos,não sei bem se esta é a proposta e inevitavelmente eu puxei o conceito “estética” para as questões que me atravessam...

QUESTÃO 5

Poema de uma “Professora-problema”:

O vesgo

HOUVE UM TEMPO

EM QUE EU AINDA SONHAVA

QUE NÃO IA DAR ADEUS

A ALGUÉM QUE EU AMAVA

HOUVE UM TEMPO

EM QUE MEU OLHAR ERA TRISTE

INSISTINDO EM ENXERGAR

APENAS AQUILO QUE EXISTE

HOUVE UM TEMPO

EM QUE ODIAVA MEU QUARTO

PORQUE QUERIA ESCONDER

AQUELE FEIO RETRATO

HOUVE UM TEMPO

EM QUE FECHEI A JANELA

E NÃO QUIS ACREDITAR

QUE A VIDA ERA BELA

HOUVE UM TEMPO

EM QUE ME ESCONDI

ATRÁS DE UM QUADRO

QUE NUNCA ESQUECI!

TINHA NELE UMA MOÇA

NA BEIRA DO RIO

OLHANDO PRA ELA,

SENTIA FRIO

HOUVE UM TEMPO

EM QUE ESQUECI DE SER CRIANÇA

EU GOSTAVA DE DANÇA

MAS VIVI DE LEMBRANÇA

ESTE TEMPO PASSOU

JÁ ABRI AS JANELAS

VEJO INFINITAS COISAS

TALVEZ NÃO SEJAM ASSIM TÃO BELAS

ATRÁS DA JANELA

HÁ UMA ENORME IMAGEM

QUE CADA VEZ QUE OLHO

ENXERGO NOVA PAISAGEM!


QUESTÃO 7:

Tudo! Tss...

A fragilidade da arte contemporânea está justamente na incapacidade de prevê-la. Por esta razão , em nosso tempo , nos dias de hoje, não há mais um “ritmo” para que as obras dancem, elas podem bailar em novos espaços, usando novos matérias, criando o inusitado, brigando com o conceito de ARTE. Diferentemente, de outros períodos da história da arte, onde seguissem “gosto” comum, que gestava um determinado “tipo” de obra. Exemplo: na pintura, as obras eram quase previsíveis, com traços e cores semelhantes pinceladas em diferentes quadros, no entanto, hoje, na arte contemporânea as obras escapam desta zona de previsibilidade, ela cria linhas de fuga e brinca com o óbvio. E esta “brincadeira” nova, no campo das artes, causa um certo desconforto. Seria o tal “viver na incerteza “ de Edgar Morin, tão batido e frisado em diversos cursos de pedagogia. Quando se abre este leque de possibilidades para a arte, se inicia uma série de indagações , se questiona o que parecia já estar estabelecido: Quem é o autor? O que pode ser considerado obra de arte?O que tem valor de uma obra?

A fragilidade da arte , está justamente em uma não-resposta, ao mesmo tempo, em que a agonia gerada pela ausência de resposta , impulsiona a novas indagações, à criação , de estar se movimentando no campo das artes, sempre com novas possibilidades...

Este sentimento de “fragilidade” , do inacabado, das eternas indagações novas-velhas , dançam sobre diversas áreas do conhecimento, em diferentes proporções: a fragilidade está no direito, na educação, na política, na geografia, nas ciências biológicas, etc...

Os garfos tortos de Bruno Munari (1958), há um tempo atrás , não seriam classificados como arte.E então, entra em discussão, novamente o próprio conceito de arte: O que é arte então? Quem determina? Quem julga? Quem aprecia?Com base em quais valores acontece esta classificação?

Se pensar na arte sobre a Filosofia da Diferença, é compreender talvez que a arte não tenha opinião, pode gerar novo desconforto, pela nossa etrena necessidade do juízo , eterno retorno e necessidade de “quadrangulação” das coisas. Logo, pertencer ao mundo das “artes” pode ser um crime social, um atentado as coisas estabelecidas, uma transgressão, que mata a forma e convida à invenção! (isto é mágico!!!)

Lembrando de Danto, agora, e costurando com Paola Zordan: nos permitimos inventar e...”Meras coisas não tem direito a títulos” assim como “meras professoras não tem direito a pensarem como quiserem” (ZORDAN). Estas palavras, lidas por mim, foram como um carimbo em minha testa, um passaporte para voar para aonde eu quisesse...

Voltando a arte contemporânea então...nos ocorre uma série de indagações a partir das leituras feitas e experiências vividas: Por que pré determinar o que é arte, se a mais forte estesia não está nas coisas , mas no pensamento?Por esta razão, nossas caixas de papelão (colocadas como forma de intervenção na Faced) falarão por si só, sem a necessidade que se designe um só autor , nem que se diga o valor da mesma e tão pouco se pode ser considerado arte...Nossas caixas de papelão , poderão ser enquadradas por alguns olhos como Atitude transgressora ou como Vulgar (idéia da vulgaridade apresentada por Greemberg).Mas para alguns, as caixas transgressoras poderão traduzir prazer, conceitos trabalhados no seminário expostos através de pedaços de papelão , com pitadas de açúcar que surpreendem pelo impensado, pela criação...Assim como o urinol de Duchamp, nossas caixas de papelão correm um sério risco de serem consideradas extraordinárias.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

uma prova haroldiana

prov h|A|r
marcos da rocha oliveira -mestrando

Questões: 2,3,6.

2) Texto para folder sobre artista citado em aula ou pertinente aos problemas trabalhados em aula.

Na cena da origem: Finismundo! O lambrego adâmico que faz-ulular. Na concreção poética daquele latinoamargo roubador, o bucho de ostra: rouba de tudo, até a divisa de Lézama Lima: só o difícil interessa. Um dissidente, presas leoninas como as lâminas de Octávio Paz: transblanca é a zona onde as putas atômicas riem de alegria, sem dentes, disse, dentes!
Já inverteu o inferno dantesco. Cuspiu arte em trípticos bíblicos. Urrou com iauaretês. Trigênio, mallarmou as flores da fala joyciana. Revisou Sousândrade. Homo húmus. Pó pós pó pós-utópico. Concreção desbabélica. YHVH. Já vê. Dos quase-céus, nékuia, protoprosopoético. A máquina do mundo repensada. Finismundo: na cena da origem! (Dobra.) Safa’ehath. Ossomoeu a autobiografia – e como Décio disse de Oswald, fez autografia. Teve, assim, seu formante inicial e final. Estrelecruz. como nas Galáxias suas letras são intercambiáveis: mas por Rosa (e o Demo) não dificultou o difícil. fAZ ULular. Azul de Mallarmé na capa de seu último livro publicado (agora, pós-formante final, já com o eterno sorriso de brisa marinha). “Entremilênios” foi publicado. Brasilírica poética, abrindo obra antes de Eco, artista kamiquase, ecumênico quasi coelum.
Neobarroco concreto. Concreção de prédios ruas putas. Vívida nessa estética pós-utópica, frágil, como a divisão entre prosa e poesia, vida e obra, épico e epifânico, Haroldo (d)e Campos.

3) Súmula para uma disciplina cuja matéria versa m torno da Estética.
*destaques pré-súmula :uma; matéria; em torno; Estética.

Nome da Disciplina: Estética neobarroca: A invenção de Haroldo de Campos.

Severo Sarduy, Octávio Paz, Lézama Lima, Haroldo de Campos: a premissa de que há na concreção poética “latinoamrga” uma estética própria: neobarroca. Usa-se dois procedimentos: 1) a criação de uma tradição tropical, a invenção de um repertório, a atividade vanguardista; 2) implica-se o procedimento 1 na escritura. No que diz respeito ao procedimento 1: a)revisão, recriação, de autores perdidos, esquecidos, implicando-os numa trajetória histórica (o histrio haroldiano), criando um corpo de autores, escritores, rtistas, não-europeus ou estadunidenses; b) com base neste sítio histrio, faz-se cruzamentos com o repertório “de vanguarda” colonizador (toma-se os inventores – Joyce e Mallarmé, especialmente); c) assim, em suas atividades de crítica-criação formam, em torno de si, uma legenda negra, de ilegibilidade, capturada como “a vanguarda”. No procedimento 2, de escrituração, canibaliza-se este sítio histrio numa fictiva invenção (a duplicidade pleonásmica não é ao acaso): o “fictor” haroldiano. Com atenção a estes pontos, o intento é a invenção, neobarroca, que implica a mistura se medida, a duplicidade – o máximo de diferença, de um Eu haroldiano: escolhido o em torno, o arredor, duplica-se o escritor com base em seus próprios procedimentos de invenção (o duplo esta, justamente, na palavra “invenção”, no título da disciplina. A esta estética, que será aqui usada, dá-se o nome, abuso, de neobarroca.

6) Fragmentos ou aforisma a partir da concepção de obra aberta. Considerar o Fora.

1- Rasgou o corpo.
Obra aberta?
2- O corpo, aberto, não é uma obra.
3- A obra pressupõe a criação de um corpo.
4- A invenção é em torno.
5- Deleuze elogia Borges por seu Pierre Ménard.
É Ménard o escritor que, tendo escrito o mesmo livro que Cervantes, Don Quixote, abre o texto.
Eco admite, em carta pessoal a Haroldo de Campos, que costumeiramente cita-o tal qual um Ménard: Haroldo prefaciou o livro de Eco, A obra aberta, mais de uma década antes deste ser escrito.
6- É notório que ao criar algo como uma “obra aberta”, Haroldo de Campos a tenha ligado a sua imprecisa concreção neobarroca. Imprecisa, em termos metatextuais. Exata em sua precisão.
7- Galáxias | obra aberta | ilegível | scriptível.
8- O neobarroco haroldiano cria outro tempespaço – eis o que o diferencia do barroco (a dobração está ali, mas já são outras matérias).
9- Numa aproximação rude: escritura: obra aberta.
10- Obra aberta | Finnegans Wake.
11- Inventar Haroldo de Campos: trata-se mesmo de: a) manter seu corpo desejável, deixá-lo obra: trata-se de repeti-lo; b) repetindo-o, criam-se novas regras para esta duplicidade, mantendo-o, aberto, numa fissura fictiva que comporte o máximo de diferença.
12- Ao escrever duplicamos Pierre Ménard.
13-

o poeta é um fin
o poeta é um his

poe
pessoa
mallarmeios

e aqui
o meu
dactilospondeu:

entre o
fictor
e o
histrio

eu