Jamer Guterres de Mello - mestrando
Nota de rodapé: [ironia]
Aqui, pouco importa o funcionamento racional e programado de nossas sociedades no que diz respeito à política, à ciência ou à tecnologia. O fascínio que esses elementos nos remetem se refere à orgia dos signos (Jean Baudrillard). Portanto a sedução – a perversão irônica – é recurso utilizado como desvio dos efeitos de sentido.
O acontecimento real em si passa a ser simulado pela secreta ironia de seu signo. Ironia é simulação. Ironia é sedução. Tampouco é uma fuga da verdade, ou uma mentira, pois escapa do plano do juízo, tanto da verdade quanto da realidade.
Em suma, uma desobediência aos próprios princípios, seja na arte, na linguagem ou na política. A ironia e o humor (re)afirmam a duplicidade fundamental que exige que uma ordem, qualquer que seja, só exista para ser desobedecida, atacada, ultrapassada, desmantelada. Enfim, ironizada.
Nota de rodapé: [simulacro]
Simulacro aqui utilizado no sentido empregado por Gilles Deleuze em algumas de suas variações discursivas no que se refere à reversão do platonismo e a chamada teoria das idéias (enquanto modo de viver e pensar calcado na moral, na lei, na razão e no Estado).
Simulacro então como força que interioriza a dissimulação, a figuração como derivação da idéia. Um observador se utiliza de mecanismos de recognição e recebe uma marca sensível, uma impressão instalada nas rupturas, nas falhas e descontinuidades de um mundo já estabelecido. Lembrando que tal impressão não se garante necessariamente vinculada a uma determinada idéia ou que nela possa ter um fundamento último.
Em resumo, não ocorre a existência de modelos ou essências ideais para um mundo onde tudo são simulações. O simulacro é aqui tomado então como construção (simulação) da semelhança que se diz da diferença interiorizada, em oposição à jurisdição de um absoluto.
SINGULARIZAR-SE: A IMAGEM FALSA QUE SE EXCEDEU EM SER A MESMA.
Questão nº9
– inventada –
[texto-demência]
MANTER O PASSO OU VIRAR SUCO
Outro dia dei 1 real a um mendigo. Em troca ele me disse: “você tem que acreditar que nada daquilo que é considerado justo, certo, verdadeiro é justo, certo, verdadeiro...”
Valia mais que 1 real.
Ou melhor: a solidão (ou o suicídio) como pontuação trágica de cada gesto.
“Quando a gente não pode fazer nada a gente avacalha. Avacalha e se esculhamba”
(Rogério Sganzerla)
“Trepanação para todos” substitui “Educação para todos”.
Atingir o cérebro através de perfuração da caixa craniana com uma broca chamada trépano.
Obra praticada longe daqui.
Talvez no Egito.
Não se sabe com que finalidade, talvez sagrada.
Arte cirúrgica do êxtase radical.
Espécie de body-art full contact.
A abertura no osso da cabeça provoca uma alteração da pressão cerebral favorecendo a irrigação daquele lugar.
Os sacerdotes trepanados do Egito. Uma beleza.
Arthur Omar diria que após a trepanação todos viveríamos com a FACE GLORIOSA, para sempre.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
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