Ivan Quevedo -aluno PEC
   1. A imagem não existe no plano espaço – tempo. Somente existe imagem no plano temporal onde é invisível. Jamais será apreendida por nós. Quero nomear como imagem o que gostaríamos de ver definitivamente e sobre o qual não se poderia abraçar em conceitos, tomar em objeto, e interferir. Mas não há essa possibilidade. O que existe são paisagens, sobre as quais há sim, portanto múltiplas possibilidades. Nesse sentido imagem se assemelha à palavra Deus. Ninguém a viu. São as notícias sobre Deus. Ver uma imagem não é provável também. Seria devaneio. Aliás, tudo o mais é devaneio.
 
      Para Bergson uma imagem é como uma janela. Um corte. O que permite apreender as coisas, cujo mundo material seria o conjunto das imagens.  
      Porém o mundo particular de cada pessoa delimita e assim reduz as possibilidades de compreensão. As pessoas não enxergam as mesmas coisas. Cada uma vê uma paisagem. Cada qual com suas diferenças. Propor uma imagem como uma visão comum a todos os olhos é apreender um sentido comum da visão da diferença intrínseca a cada peculiar olhar. 
      As paisagens são criadas e descobertas a partir dos recortes, das molduras de espaço-tempo, que são o meio do qual dispomos para interferir na matéria que a própria paisagem produz. A busca pelo captar do inapreensível jamais será viável sem a auto transmutação dos seres, trabalhando e desenvolvendo capacidades, tais como sinestesias, transtornos de atenção, daltonismos e outras manifestações superiores que são ou serão capazes de captar imagens, capacidades de apreender e ver o invisível enquanto estivermos dentro dessa limitação, de forma e linguagem. Dado esse passo, se perderá a fronteira. O próprio ser será a arte, cujo acesso será na própria experiência de ver imagens, o que jamais se havia isto. A imagem do tempo. Pois o espaço deforma tendo produzido paisagens. 
      Para Barthes a imagem é um modo de comunicação, agindo como veículo, algo envolvendo paixões, pulsões, tabus, afetos, forças. Produzindo sentidos.  
      Mas vejamos que a imagem é o próprio sentido em si, por isso inapreensível, cuja controvérsia inexiste (ria - rá) sobre o que seja. Do que se trate. Quando a interpretação cessa. Na imagem não poderá haver recortes, apreensões de sentido. Enquanto houver isso, enquanto houver comunicação estaremos vendo paisagens num deserto propício a devaneios. Quando vigorar a imagem não se precisará de interpretações, nem acontecerão interpretoses. Não haverão pontos de vista. Mesmo quando for possível ainda aqui no espaço-tempo se deixar de extrair sentidos de dominação, de poder, de preponderância dialética a encerrar o discurso e revelar um padrão, mesmo assim estaremos distantes. Distantes das imagens. Mesmo na superação da relação sujeito objeto, quando o observador ou a experiência não estão mais separados, pois jamais estiveram. Mesmo assim longe, entretanto a própria relação infinita de um discurso sem fim, que não se termina, é a porta das possibilidades de alcançar a imagem. quando se dissolvendo na imensidão, o ser entenda seu próprio devir e devir das coisas, em si, sem sentido, sem razão, e assim pretenda a imagem sabendo que não a possui. A maior imagem é o nada. Enfim o nada. 
8. Sugestão de autor trabalhando a questão da diferença e da alteridade. LEVINAS. 
 
 
 
      Esqueça-se de querer ver a imagem antes do fim do diálogo sem fim. 
5.         Foge à paisagem o tempo sem espaço!
      Desapegado e desprendido 
      A todo sentido o tempo do espaço. Sim um tempo sem espaço. Até mesmo parado. Pois o tempo-espaço é uma janelinha provocante e celeste que leva o ser à sua única diversão, ser louco. 
      Insuspeitos aos olhares cortantes dos quadrantes 
      Aos estandartes rigorosos de suspeitas
      Verdades. O tempo sem espaço e o louco. 
      Os quadros frágeis, amoldurados. Presos.
      Em si (re)cortados
      Na distancia das imagens
      Falam paisagens. 
      Devaneios
      Apreendem da coisa e de si o sentido inapreensível.
      Limitam a coisa que não se limita.
      É como se parassem (alguém, o maldito fluxo que não é rumo) o devir com a aparição do sentido sobre uma questão que não lhe cabe cessar. Infindável. Esse é o rescaldo dialético de cessar discursos que não se findam. 
      Eis, pois que esse sentido não é efeito da causa que lhe fez, e lhe findou na lógica finalizando seu discurso. Esse discurso é devir, interminável que de efeito em efeito apresenta sempre uma nova realidade. 
      Foge à  paisagem, o tempo! Sim tempo sem espaço. Parado até. Até mesmo um não tempo. Ora.
      Esse tempo é em si um não à paisagem 
      É um todo e um tudo à imagem.
      O tempo sem espaço é a própria imagem. O fim do diálogo que não se visualizava o fim. Mas é um fim verdadeiro. Não esses fins que vemos por ai. Ora! 
      Tudo o mais é devaneio.
      No tempo-espaço há muita luz e pouca escuridão.
      A imagem que não se enxergou está no sem tempo do não espaço. 
      Na grande escuridão a imagem é apenas uma.
      Nesse tempo sem espaço a paisagem não existe.
      No tempo sem espaço ela é. Enquanto nós aqui sempre e somente estamos. Nunca somos. Estados de permanência e impermanência. Na paisagem não há  essência.  Impura aparência. Coincidência?! Entre ser e paisagens...tanto faz. 
      A imagem é invisível
      Para ver a imagem é preciso! Oh! Se é...
      É preciso não-estar. É preciso acima de tudo não-estar. Se pudermos ser até lá, não sabemos!
      Escapar ao recorte do quadro. Pois a imagem não cabe no quadro. Não é  pouca coisa a missão de quem se prese, sem se importar somente com o passeio de inexistir. Artista. Filósofo. Mulher. Órgãos. 
      Fragmentos que a angústia arqueológica nos faz respirar. 
      É preciso estar na dimensão do tempo sem espaço. De um sem tempo quem sabe. 
      Nada nunca é. É sempre um efeito de um efeito causante, causado causador dor e ardor. 
      Corre.
      Corre o tempo-espaço
      De cada segundo
      Instante
      Ao findar de si 
      Ao findar de
      Quereres, achares, saberes
      E seres 
      Corre
      Corre a paisagem do espaço-tempo
      Ao seu fim
      Com a invasão do tempo
      Em si
      Com o fim do 
      Contexto 
      Se desfaça enquanto paisagem
      Queime suas molduras e juízos
      Viva o significante devir
      De sua incerteza 
      Adeus ao quadro e a paisagem
      Pois o sentido deixou de ter sentido
      Quando tempo em si solo, olhar e imagem abandonam o devir para simplesmente 
      Serem em permanências 
      Pois no tempo-espaço nunca se é. No tempo-espaço somente devir.
      Em suma abandone a metafísica em vida e a encontre se achar na morte.
      Em vida não queira significar seja insignificante. Nuca seja afinal onde jamais pode estar senão pela incidência da luz que lhe determina. O ser está perdido no espaço-tempo, porém a ditadura do sol lhe faz desconhecer disso.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
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